A responsabilidade de arrendar uma casa é muito inferior à de comprar. Quando arrendamos uma casa não nos preocupamos muito porque a casa não é nossa e, no futuro, não vai passar para os nossos filhos e netos. Mesmo que tenhamos governantes/as, criados e cozinheiros, não nos preocupamos muito se a casa, na sua estrutura está arranjada. E embelezamos com cuidado apenas aquelas partes que vamos mostrar aos outros “para inglês ver” (às vezes nem isso). Os proprietários da casa acabam sempre, depois, por arcar com o “bolo final” das contas daquilo que não foi cuidado convenientemente. Raros são os inquilinos temporários que, realmente, se preocupam.
Quando compramos a coisa muda de figura. Compramos algo que escolhemos, pelo qual lutamos dia após dia, fazendo as contas para saber que casa podemos pagar no final do mês e com que luxos podemos viver, mesmo que seja outra pessoa a pagar a casa que é nossa, temos este cuidado porque não a queremos perder. Queremos que seja permanente, que passe para os nossos filhos e netos com o mínimo encargo possível para as futuras gerações. Cuidamos da casa com amor e carinho. Com cuidado, seja nas partes “para inglês ver” ou nas partes mais íntimas, mais nossas. Se tivermos governantes e criadas andamos “mais em cima” a ver o que andam a fazer e a “cobrar” qualquer falha porque, a casa é nossa, gostamos dela, sentimos amor por ela e queremos que os nossos filhos a tenham nas melhores condições possíveis. Raros são os proprietários permanentes que não se preocupam.
É assim que encaro a república e a monarquia. O presidente da república “arrenda” o país como seu por 5 ou 10 anos. Não mais do que isso. Depois disso não são os seus herdeiros, os seus filhos que ele ama, quem tem de preocupar-se com a “merda” que se tenha feito durante o seu arrendamento e sim o inquilino seguinte. Se os governantes roubarem, os criados fizerem um mau trabalho, o presidente não tem de preocupar-se muito, desde que aquilo que o “inglês vê” esteja bem, e desde que o seu futuro pessoal esteja assegurado (vivendo às custas de quem lhe paga para o resto da vida), não tem de preocupar-se muito e, se for preciso, também rouba mais um bocadinho. Raros serão os realmente honestos nesta situação.
Com a Monarquia o Rei “compra” o país como seu para toda a vida e sabe que o mesmo passará para os seus filhos e netos, e tem de manter feliz quem lhe paga para isso (numa monarquia constitucional democrática - a que defendo). Vive nele e se os seus governantes e criados andarem a roubar, fizerem mal o seu trabalho, são os seus filhos quem vai ter de arcar com as consequências no futuro. Os filhos que ele ama e que não quer que sofram. Assim cuida do país como se de propriedade privada se tratasse. Mete a “boca no trombone” se notar casos de “roubos” (corrupções), tenta chamar a atenção de maus "governantes e criados" e orienta as coisas de modo a que o futuro da sua casa esteja salvaguardado e o trabalho dos seus filhos seja cada vez menor. Raros serão aqueles que tenham mau íntimo e não se preocupem quando está em risco um lugar permanente para si e para os seus.
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