domingo, 28 de junho de 2020

Evolução do multiculturalismo em cinco passos

1. Não me incomoda que venhas para o meu país dançar as tuas danças, comer as tuas comidas, vestir as tuas roupas, desde que o faças com respeito à cultura que te recebe. (~1985)
2. Não só não me incomoda como gosto e quero participar das tuas danças, das tuas refeições, dos teus penteados. Ensina-me, ri-te comigo das figuras ridículas que faço ao tentar, ajuda-me a compreender-te melhor. Eu ensino-te também a cantar o fado, a dançar o vira, a vestir as nossas vestes, a comer os nossos petisco e rio-me contigo também das figuras ridículas que fazes ao tentar. (~1995)
3. Mas não me excluas. Não me chames racista por tentar dançar o que tu danças, por gostar da tua música, por gostar da forma como penteias o cabelo. Não me excluas da tua culinária, ensina-me. Eu quero que conheças a minha, deixa-me conhecer a tua. (~2012)
4. E não te ofendas com o meu vira, com o meu fado, com o meu chouriço. Não me obrigues a deixar de ouvir a minha música na tua presença porque te ofende, a deixar de usar o meu crucifixo, porque te ofende, a perder as minhas tradições porque não são as mesmas que as tuas e agora percorres as minhas ruas. (~2015)
5. Eu gosto das tuas tradições e quero participar nelas, mas não me deixas mais fazê-lo.
Agora sou racista por gostar de ti, sou racista porque querer participar na tua cultura e sou racista por participar na minha quando estás na minha presença. (~2020)