quinta-feira, 10 de junho de 2010

100 anos de provas

Todos aprendemos na escola sobre as descobertas e sobre como Portugal foi grande e todos ouvimos a expressão ter saudades da "glória do passado". Mas esse passado aconteceu há pouco mais de 100 anos e, no entanto, as pessoas sentem-no como se fosse algo demasiado longínquo, algo que está fora das nossas mãos porque "agora é assim" e baixámos os braços. Será que não se perguntam porque é que agora é assim? ou porque é que tem de ser assim?

Porque é que os Portugueses deixaram de acreditar em si e a achar que "somos pequenos" quando já um dia provámos que conseguimos grandes feitos? Quem nos "baixou a cabeça"?


Sou monárquica desde que me lembro. Comecei por sê-lo, em adolescente, porque olhava para os países monárquicos e achava que funcionavam melhor. Olhava para o meu país e sentia as pessoas descrentes e saudosistas. Sou monárquica porque 100 anos de república me provaram que a república não funciona. Iniciando com uma primeira república, num clima de violência (iniciado com o regicídio e imposição da república) que num período de 16 anos possuiu 7 parlamentos, 8 presidentes da república e cerca de 50 governos (repito: em apenas 16 anos). Com a palavra democracia na boca do povo o presidente da república era, no entanto, eleito pelos deputados, ficando o povo de fora dessa eleição, estávamos já em ditadura apesar de só se falar disso como se ela tivesse começado depois de 1926 e durado 47 anos. Esta é a história da primeira parte da nossa república. 62 anos de falhanço! Faltam assim apenas 48 anos para descrever e, para quem acreditava que o 25 de Abril ia salvar a nossa democracia, a nossa liberdade, o nosso país, mais uma vez, este sistema veio provar que estavam errados. À ditadura seguiram-se 16 anos de uma quase anarquia, que colocaram no espírito do português aquela sensação do "não vale a pena" e do "para quê?". E, com o nosso espírito já lá em baixo, com os portugueses a deixarem que os abutres continuem a ser os soberanos do país, continuámos a afastar o país da Europa e dos países desenvolvidos, trazendo a insegurança e a instabilidade. E, apesar do índice de desenvolvimento humano da ONU dar os 2 primeiros lugares do pódio a 2 monarquias (Noruega e Austrália) e entre os 10 primeiros, 6 serem monarquias, as pessoas continuam a insistir em rotular os monárquicos portugueses de demagogistas, fantasiosos, sonhadores afirmando, como argumento contra a monarquia "não quero o poder numa só pessoa" revelando assim um total desconhecimento do que é uma monarquia constitucional democrática ou do que são todas as monarquias europeias e esquecendo que as tão faladas ditaduras do século XX (e mesmo XXI) aconteceram (e acontecem) dentro de repúblicas e não dentro de monarquias.

Ao perderem a monarquia os portugueses perderam o amor e orgulho por Portugal. De que nos podemos orgulhar hoje em dia fora um ou outro sucesso de portugueses isolados (a maior parte das vezes a desenvolver o seu trabalho no estrangeiro)? Que vitórias têm tido Portugal como país? Continuamos a concentrar-nos no futebol porque, o resto, deixou de nos interessar para rejubilo dos "soberanos" que assim continuam a viver de reforças vitalícias e a fazer-nos pagar campanhas desnecessárias. Tenho orgulho em ser portuguesa por aquilo que Portugal já foi e por aquilo que Portugal pode voltar a ser se os cidadãos deste país tomarem consciência do que, realmente, é esta república que se impôs ao nosso estado através da morte, do silêncio e da ditadura...


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