Na minha família somos "nós", as outras famílias todas são "eles". Odeio as outras famílias todas? Não. Tenho orgulho dos feitos dos meus pais, avós, etc., mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim.
Na minha terra somos "nós", nas outras são "eles". Odeio todas as outras terras? Não. Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram na minha terra, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim.
No meu país somos "nós", nos outros são "eles". Odeio todos os outros países? Não. Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram no meu país, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim..
No meu continente somos "nós", nos outros são "eles". Odeio todos os outros continentes? Não. Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram no meu continente, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim. No meu planeta somos "nós", nos outros são "eles". Odeio todos os outros planetas? Impossível, nem sei se têm gente... Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram no meu planeta, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim.
Não há problema algum em termos orgulho dos nossos pais, avós, antepassados, terra, país, planeta e há sempre um "nós" e um "eles", sem que o "eles" tenha de ter um peso negativo, porque, de alguma forma, podemos todos ser nós. Não há mal nenhum, pelo contrário, em termos um sentido de identidade, em sorrirmos ao ouvir um fado enquanto estamos no estrangeiro, ou em ter saudades da bica/cimbalino. Não há problema nenhum em ter orgulho por ter uma pronúncia da nossa terra, ou em sorrir quando ouvimos um "carago" enquanto estamos em Lisboa. Isso é ter orgulho no nosso país, ou do nosso "cantinho". É termos uma identidade. Isso não é sinónimo de odiar os restantes. Odiar os restantes é quando queremos que, estando eles nos seus “cantinhos”, mudem e se tornem mais como "nós".
Infelizmente por vezes odiamo-nos a nós quando aceitamos que o nosso “cantinho” mude por causa "deles".
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